Ana Paula da Costa Silva mudou-se para Florianópolis em busca de novas experiências |
Ana Paula da Costa Silva queria sair de casa - e ir para longe. Não por conta de um ataque de rebeldia, muito menos por causa de problemas com a família. A manauara de 25 anos queria ir embora para conviver com o desafio de lidar com a saudade, adaptar-se a novas situações e alcançar a independência. "Eu buscava novas experiências", conta.
Ela escolheu Florianópolis (SC) - para onde se mudou no final de 2009 com o objetivo de fazer um curso pré-vestibular. Depois de um ano, passou na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) para o curso de Letras, onde estuda atualmente. Contudo, esta decisão nem sempre é fácil.
Com o resultado do vestibular, muitos jovens precisam ou optam por sair da casa dos pais. Os motivos são muitos, mas normalmente estão ligados à distância entre a cidade natal e a instituição ou aos anseios juvenis por mais liberdade. As alternativas são muitas - dá para dividir apartamento, morar sozinho ou procurar uma república.
Decidir qual é o tipo de moradia que mais se encaixa ao perfil do estudante não é uma tarefa fácil. Segundo o psiquiatra e coordenador do Departamento de Infância e Adolescência da Associação de Psiquiatria do Rio Grande do Sul, Emílio Salle, o ideal é tentar preservar o ambiente familiar. "Normalmente, quando o estudante sai de casa, ele ainda é muito novinho, e é bom quando irmãos moram juntos, porque o mais velho pode assumir mais", opina. "Ter a companhia de um primo também é uma boa opção, porque reforça a questão do ambiente familiar", acrescenta.
Mas, muitas vezes, morar com um parente ou amigo de infância não é possível - e aí é preciso sorte e bom senso para encontrar alguém legal para dividir não apenas as despesas, mas todas as questões da vida doméstica.
A decisão parece não ter sido problema para Ana Paula. Ela encontrou na internet uma companheira para dividir o apartamento em Santa Catarina e garante que nunca teve problemas. "Temos os mesmos propósitos e uma personalidade bastante parecida. Na hora de arrumar a casa, eu gosto de umas tarefas, e ela, de outras. Nos damos muito bem", afirma.
Já a paulista Raquel Calefi não teve tanta sorte. Ao se mudar de Serra Negra (SP) para Campinas (SP), alugou e mobiliou um apartamento, que chegou a dividir com outras garotas. Além das rotinas diferentes, a incompatibilidade de gênios dificultou a convivência. Hoje, ela mora sozinha. "Arco com todos os custos, mas tenho a minha liberdade. Não sou obrigada a aguentar ninguém. Amigo é diferente de família", frisa.
A estudante de Jornalismo da Universidade Paulista (Unip) aponta o barulho durante a madrugada e a falta de cuidado com a limpeza como os grandes inimigos de quem decide dividir moradia. Ainda assim, para quem não abre mão de uma companhia - seja para evitar a solidão ou ter com quem dividir as contas no final do mês - a dica é definir os responsáveis pelas tarefas domésticas e estipular horários para visitas e atividades que possam modificar rotina da casa. Tudo em nome da boa convivência.
Para os que gostam da vida em grupo, as repúblicas são uma opção mais barata e, de quebra, proporcionam maior contato com o ambiente acadêmico. O especialista garante que essa pode ser uma boa opção, mas é preciso conhecer bem a instituição antes de arrumar as malas. "Algumas limitam demais, impõem muitas regras. Outras dão muita liberdade. É importante buscar o equilíbrio. Elas têm um ponto forte, que é a alternativa ao ambiente familiar. Um protege o outro. Mas existem casos em que o estudante cai em uma república bagunçada, e aí dá problema", alerta.
O auxílio da família é essencial durante o processo de escolha da nova moradia, e a decisão entre república, casa e apartamento sozinho ou em conjunto deve se adequar ao perfil do estudante. Com apartamento alugado, companheiros definidos - ou não - e rotina estabilizada, um conselho é importante: para quem sai de casa, bom senso é a palavra de ordem.
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